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Alyssa Monke, óleo sobre tela, 2009 |
Quem és tu anjo e demónio,
Mulher e criança de um dia presente?
Porque lês silenciosa o Deuteronómio
Procurando um Deus omnipresente?
Mulher - virgem em fantasiosos devaneios;
Parturiente de uma vida por conceber...
Tu! Mãe de filhos ainda por nascer,
Peito carregado de nobres anseios!
Mulher ou menina, sensível e indiferente,
Que procuras dar e sonhas receber,
Vivendo num mundo igual que vês diferente.
Tu! Que queres amar e receias sofrer!
Embrião crescido numa incógnita verdade,
À procura de uma justiça inconcebida...
Rebelde e conservadora de uma mesma sociedade;
Humilhada em passo de subida...
Quem és, ser estranho, que vives em mim
E amas até aos limites da tua dor,
Fiel aos outros e traindo-te assim,
Nessa concepção profunda e egoísta do amor?
Tu! Sublime e injusta num tempo e num lugar,
Segura e indefesa de uma mesma condição,
Generosa e exigente num mesmo caminhar;
Paradoxo vivo de uma igual contradição!
Ana
30 de Novembro de 1978