Rara Avis in Terris, JUVENAL, Sátiras, VI, 165

terça-feira, 30 de junho de 2009

São Pedro ...sem trovoada

Foi assim, na Escola, apesar...

Tiago Pinhal

...dos pesares.



« Comer é divino»

Confúcio, 551 - 479

domingo, 28 de junho de 2009

Euskadi - Korrontzi

Donostia

Recomeçou, por aqui, o Festival Sete Sóis Sete Luas...polémicas à parte, que isto de terras pequenas nos aperta em tacanhez, foi bom escutar os sons melodiosos da bela língua basca e, por momentos, escapar à rotina. Aproveitemos as noites longas deste Verão pouco corajoso.


"trikitilari"

«Korrontzi é um jovem grupo revelação da música do País Basco, que descobriu a antiga tradição de "trikitilari" (intérprete de acordeão diatónico). Este músico, do qual o grupo adoptou o nome, costumava chegar todos os domingos à praça principal da cidade de Munguia (Viscaya) em cima de um burro e transmitia alegria às pessoas que iam sair da missa das 11 horas de domingo. O grupo quer assim homenagear a cultura popular basca e ao mesmo tempo quer estar atento às influências de todo o mundo, proporcionando um concerto cheio de energia e de alegria. Estreia nacional, sábado 27 de Junho, às 22 horas, no anfiteatro municipal da zona ribeirinha.» Programa oficial



http://www.noaua.com/irudiak/albisteak/korrontzi.gif

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Apogeu e decadência - da Pérsia a Roma


Tolerância PersaZaratrusta, Rafael

«Na História, nunca houve um Império tão ecléctico como o Império Persa, talvez como reflexo da política adoptada pelo Rei Ciro, que apesar de dominar várias nações, respeitava as suas particularidades culturais, obtendo a admiração dos povos conquistados». F.Arceno

Ahmadinejad

Valores Romanos
Caius Maecenas

Auctoritas
Potestas
Imperium
Gloria
Labor
Fides
Pietas
Religio
Disciplina
Constantia
Gravitas
Parsimonia
Severitas
Dignitas


S. Berlusconi

terça-feira, 23 de junho de 2009

Universitas


esds.edu.pt

A tua cabeça de bronze
Estranhamente dura,
Significativamente oca,
Ali ficou perdida e escura.
Não sei o teu nome
E certamente foste importante...
Mas o teu templo não sacia a minha fome!
O teu olhar metálico e distante,
Quase amargo, quase ignorante,
Olha a geração nossa
Com uma profundidade absurda de troça!
Não te compreendo, superior e banal,
Contudo tu leste Juvenal
Com frémitos de sabido amante.
Te recuso o gesto
No meu protesto!
Não te reconheço a glória
Do teu nome ou história...
Considero-te igual...
Como todos nós, sofredor e trivial!
Mas foste importante...
E, agora, despercebido,
Olhas-nos empobrecido,
Com essa tua cara escura de metal
Esverdeado,sujo, monótono e igual...
Porquê?
Tu, humanamente imortal!
Ana

sábado, 20 de junho de 2009

Shabat


Quem não se lembra da nossa professora nos ensinar palavras de origem latina e árabe como promontório, república, ditador, ou então, almocreve, alface e oxalá. É algo que ficou na nossa herança cultural e que até hoje perdura, mas, significativamente, em relação a palavras com procedência hebraica, permanecemos de uma maneira geral desconhecedores da sua presença no nosso dia-a-dia.

Mesmo quando o cristianismo adoptou palavras hebraicas como aleluia, ámen, maná, Jeová, Messias e Páscoa, entre muitas outras, as pessoas têm tendência a não as identificar como termos de raiz hebraica ou aramaica.

Vejamos, seguidamente, palavras e costumes que ficaram na nossa memória como povo:

-Cabala, ramo místico do judaísmo, é actualmente usado erradamente por pessoas que se afirmam vítimas de teorias da conspiração.
-Abracadabra,”abra cidabra”, do aramaico.(Eu criarei à medida que falo). Palavra muito recorrente no mundo da magia.
-Azeite, do hebraico ha-zeit.
-Sábado, como diria o escritor israelita Amos Oz, “…Um dos maiores legados transmitidos a toda a civilização pelos judeus…”Vem de shabat, dia sagrado no judaísmo.
-Desmazelo, de “mazal”, pouco cuidado, desleixo.
-Tacanho, de “katan”, pequeno, estatura baixa, acanhado.
-Servir a carapuça, expressão que vem desde tempos medievais, quando os judeus eram obrigados a usar chapéus pontiagudos de estilo frígio, ou de três pontas, para serem mais facilmente identificados e deferenciados dos cristãos.
-Pedir a benção aos nossos pais ao entrar e sair de casa, tradição em desuso, mas que remonta à benção sacerdotal bíblica, e também, quando os pais abençoam os filhos em shabat.
-D’us te crie, depois de um espirro, sua origem é Hayim Tovim.(Que tenhas uma boa vida).
-Que maçada, quando se tem um contratempo ou qualquer outro azar. Forma alterada de uma referência à fortaleza de Massada. Local esse, tomado pelas legiões romanas no ano 73 d.C. aos zelotes que ali resistiam, preferindo os nacionalistas judeus o suícidio colectivo, à escravidão de Roma.
-Passar o mel pela boca, aquando da circuncisão, o rabino passava o mel na boca do bébé para evitar o choro da criança.
-Não cortar unhas e cabelo à Sexta-feira, ditado antigo, que revela o receio que os cristãos-novos tinham em ser denunciados por um qualquer vizinho à inquisição. Manter a higíene pessoal em preparação para shabat (sábado), era algo que poderia denunciar as suas práticas judaizantes, e consequentemente, um acto perigoso a partir dos finais do séc.XV e posteriores.
-Passar a mão pela cabeça com o simples propósito de perdoar alguma falta. Quando os pais pousavam suas mãos na cabeça dos filhos, e as desciam até às suas faces, pronunciando a respectiva benção.
-Ficar a ver navios, alusão ao facto de que em 1497, o rei D. Manuel, promete aos judeus que queiram partir, que se desloquem aos portos do litoral, pois disponibilizaria navios que os levariam para outros destinos. Só ao porto de Lisboa foi facultado o acesso a milhares de pessoas, pois os restantes portos, permaneceram encerrados. Alegando que não havia navios suficientes, D. Manuel ordenou o baptismo forçado de uma grande maioria deles. Clérigos chegaram mesmo a arrastar pelos cabelos e barbas muitas das pessoas, para lhes ser administrada água benta no Convento de S. Domingos, enquanto que as crianças eram lançadas às águas do Tejo, para deste modo serem convertidos mais rápidamente.
A expressão ficou até hoje como sinónimo de embuste, de esperança traída.
-Obras de Santa Engrácia, termo para designar um trabalho demasiadamente longo, interminável na sua conclusão, e que está associado a um cristão-novo de nome Simão Pires de Solis, que mesmo humilhado e torturado, não revela a sua paixão por uma jovem noviça do Convento de Santa Clara.
Acusado de furtar relíquias religiosas, é queimado vivo. Em pleno tormento e já meio tresloucado, grita bem alto que: “Será tão certo que sem crime, vou morrer, como certo não minto, que nunca se darão por realizadas por mais somas utilizadas, as obras de Santa Engrácia, que aqui vedes começar”.
Anos depois é comprovada a sua inocência, mas é tarde de mais para o coitado Simão Pires, e com maldição ou não, o facto é que a construção da igreja iniciada em 1682, só será concluída a sua finalização em 1966. (Foram precisos 284 anos para o fim das obras).
E assim nasceu a lenda…
-És mesmo judeu, ou só fazes judiarias, com certeza que todos nós já ouvimos isto em alguma determinada ocasião, é bem representativo do estereótipo anti-semita peninsular, ligando os judeus como alguém mau, que só faz asneira e maldades.
-Facas cruzadas dá azar, outro mito ligado aos cristãos-novos, tudo o que fosse uma cruz era sinal de profunda repulsa, dando origem a ditados populares como este.
-Meninos Rabinos Pinta Paredes, após Abril de 1974, foi a designação escolhida para identificar um movimento político português, que tinha por hábito pintar grandes murais revolucionários.


Enviado por: José Manuel Tapadas Alves Obrigada, Filho!









quinta-feira, 18 de junho de 2009

A tomada de posse do Director

fonte: Wikimedia

Fazer do olhar o gume certo,
atravessar a água corrompida,
no avesso da sombra soletrar
o rosto ardido de sede antiga.

Eugénio de Andrade



quarta-feira, 17 de junho de 2009

Valores do Humanismo e Livre Pensamento

Recebi do meu amigo Domenico Condito o prémio que vos apresento e que muito me honra. Obrigada!
Aqui transcrevo na bela língua italiana e no excelente Português, deste amigo da lusofonia, as regras do prémio:

«Il Premio Internazionale UTOPIE CALABRESI s’ispira ai valori dell’Umanesimo, inteso come “tutto ciò che è degno dell’uomo e che lo rende civile, innalzandolo sopra la barbarie”. Il premio è stato istituito per premiare i blog che promuovono il libero pensiero, la cultura e l’arte, la tolleranza e l’accettazione della diversità, l’amicizia e la solidarietà fra i popoli.
Chi riceve il Premio Internazionale UTOPIE CALABRESI e lo accetta deve:
- visitare il blog UTOPIE CALABRESI, http://utopiecalabresi.blogspot.com/, cliccare sull’immagine del premio collocata nella homepage e lasciare un commento sull’Umanesimo;
- scegliere altri 5 blog ai quali assegnare il premio;
- linkare il blog che ha concesso il premio;
- esibire l’immagine del premio nel blog premiato.
Versão portuguesa:

O Premio Internazionale UTOPIE CALABRESI inspira-se nos valores do Humanismo, entendendo-se por isso “tudo o que é digno do homem e o torna civilizado, elevando-o acima da barbarie”. Este “selo” foi criado com o objectivo de premiar os blogs que promovem conhecimento livre, cultura e arte, tolerância e aceitação da diferença, amizade e solidariedade entre os povos.
Quem recebe o Premio Internazionale UTOPIE CALABRESI e o aceita deve:
- visitar o blog UTOPIE CALABRESI, http://utopiecalabresi.blogspot.com/, clicar na imagem do prémio colocada na homepage e deixar um comentário sobre o Humanismo;
- escolher 5 outros blogs a quem entregar o prémio;
- linkar o blog pelo qual recebeu;
- exibir a imagem».
Aqui estão os blogues amigos que indico:
Obrigada meu amigo e continua!

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Avaliação pelo Coordenador do Departamento


Mérida - 1o de Junho


Andei à procura do sol quente destes dias. Na origem remota daquilo que somos, talvez possa encontrar a coexistência necessária para este labor interminável...

Mérida - 10 de Junho
Fuga estóica pela planície. Quero ver o passado, a sedimentação dos dias, a ruga vincada da História. Como te quero velha Ibéria! Aqueces e alimentas este ecletismo que nos constrói. Sublinhas as coisas necessárias...

Mérida - 10 de Junho

Quero lá saber desta fronteira. Eu desejo uma coisa singela, como este gaspacho fresco e perfumado. Assim posso: avaliar, avaliar-me, avaliar-te! Quero esse rendilhar feito de sol e da sombra das claridades longas.
Mérida - 10 de Junho
Anda! Refugia-te comigo. Esta é a ataraxia necessária, o relato dos momentos relevantes. O resto? O resto eu resolvo quando terminar o kéfir de cabra adocicado, memória do tempo a que pertenço e donde emigrei para olhar estas grelhas absurdas que eu própria, escrava helénica, tive que recriar...
Mérida - 10 de Junho

sexta-feira, 5 de junho de 2009

«Nul ensensible parmi nous», Scudéry


Georges Grall, Veils of rain stream from sunlit


Há sempre silêncios,
Águas puras a libertar!
E tu sabes...
Germinante de sonho,
Trevas dóceis perturbar.
Perdem-se no eco as palavras,
Sempre força de momento!
E, querendo, longo, eterno
É o momento...
Sabes a pureza omnipresente,
Entre as gotas pluviares,
Depois da longa tempestade
E da majestade potente
De horas insondáveis.
Conheces as coisas puras
E a força perene
De vidas frágeis!
Homem, agora!
Logo, criança...
De inocências inconfessáveis!
Não sabes quanto te quero!

Ana

terça-feira, 2 de junho de 2009

O grande desastre aéreo de ontem

the scream, Edvard Munch


Para Cândido Portinari


Vejo sangue no ar, vejo o piloto que levava uma flor para a noiva, abraçado com a hélice. E o violinista em que a morte acentuou a palidez, despenhar-se com sua cabeleira negra e seu stradivárius. Há mãos e pernas de dançarinas arremessadas na explosão. Corpos irreconhecíveis identificados pelo Grande Reconhecedor. Vejo sangue no ar, vejo chuva de sangue caindo nas nuvens baptizadas pelo sangue dos poetas mártires. Vejo a nadadora belíssima, no seu último salto de banhista, mais rápida porque vem sem vida. Vejo três meninas caindo rápidas, enfunadas, como se dançassem ainda. E vejo a louca abraçada ao ramalhete de rosas que ela pensou ser o pára-quedas, e a prima-dona com a longa cauda de lantejoulas riscando o céu como um cometa. E o sino que ia para uma capela do oeste, vir dobrando finados pelos pobres mortos. Presumo que a moça adormecida na cabine ainda vem dormindo, tão tranquila e cega! Ó amigos, o paralítico vem com extrema rapidez, vem como uma estrela cadente, vem com as pernas do vento. Chove sangue sobre as nuvens de Deus. E há poetas míopes que pensam que é o arrebol.