Rara Avis in Terris, JUVENAL, Sátiras, VI, 165

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Arraiolos - Ilhas

(Ilhas, Arraiolos)
Maluda

(Ilhas, Arraiolos)
Maluda
Caminhando de Arraiolos para Évora existe, ancorado na Planície, um pequeno povoado encantador - Ilhas.
Assim, distante do oceano, mas no plano mar da terra alentejana, atrai e cativa o viajante mais distraído.

Ali passei, uma vez mais ...e recordei como gostavas deste lugar, amigo Francisco. Não eras o único. O olhar atento de Maluda captou-lhe a geometria e plasmou na tela a luz invulgar daquelas Ilhas.



Arraiolos ( Ordem dos Arquitectos)

http://maludablogumnomundo.eu

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

HIPATIA, A BIBLIOTECÁRIA

Hipatia de Alexandria
Bibliotecária da lendária Biblioteca de Alexandria (Rafael)

"Havia em Alexandria uma mulher chamada Hipátia, filha do filósofo Theon, que fez tantas realizações em literatura e ciência que ultrapassou todos os filósofos de seu tempo. Tendo progredido na escola de Platão e Plotino, ela explicava os princípios da filosofia a quem a ouvisse, e muitos vinham de longe receber seus ensinamentos."
A Vida de Hipátia
Sócrates, o Escolástico, História Eclesiástica
***
Era tão bela como sábia Hipatia de Alexandria. Sempre admirei esta figura feminina que caminhava, com passo firme pelos corredores reluzentes da sabedoria antiga, entre a Matemática e a Filosofia. Quando, na minha aldeia natal, ainda menina, lia furiosamente autores Antigos refugiada do sol flamejante da planície, imaginava-me a viver a vida dela. Alexandria ainda me fascina...
Hoje recordei Hipatia perante uma fútil conversa que ouvi, de relance, entre colegas...e conclui que é bem verdade que «Hay que passar por los infiernos de la vida para llegar a escuchar los números de la própria alma», como diria Maria Zambrano ( Delirio y Destino).

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Ilhas Vagas

Victor Vasarely
*
O arquitecto traçou a linha

O obreiro fraterno

Ergueu o Templo.

*

A caricatura ficou clara

Na manhã secreta...

Dos homens.

Copistas do Reino

Claramente evasivos,

Subversivos, portanto...

*

Não navegaremos

Sentados que estamos

Imóveis no tempo

Náufragos na memória!

*

Uma sonolência vaga

Sobrevoou...

Sobre o delírio geral.

*

A ironia, arma branca,

Aflora veladamente...

O sono dos justos.

Os interesses, humanamente

Interessados, interessantes.

*

E, os homens

Aportaram, então,

Num cais longínquo

Onde o mundo recomeçava

Límpido, na madrugada.

Junho/1991

Recordas este texto?
Estávamos sentadas há horas na sala do Conselho Pedagógico...eu, tão jovem como rebelde, e tu, como sempre, exalando uma vitalidade e alegria que, os que conheciam a tua vida sinuosa e difícil, tinham que considerar paradoxal. Ouvíamos uma outra Reforma, com os mesmos actores, na mesma Escola e ríamos de conversas laterais.
Já ninguém estuda, ali, o Alemão que te encantava. Já ninguém ri nas reuniões que se prolongam na sua extensa inutilidade. Já não nos ocorre dizer «a nossa Escola» - agora dizemos de forma asséptica, «a escola»...
Saíste há três anos roída pelo teu sonho de menina coimbrã e burguesa - falavas com tanto orgulho do teu pai médico! Saíste minada pela doença e pela tua caminhada frágil.
Oxalá aportes, hoje, no tal «cais longínquo», após as tuas seis décadas de vida, e possas retomar o orvalho de uma primavera distante que, lamento dizer, não sei se existe...
Adeus - ou em Deus - Fernanda.
Ana

sábado, 15 de novembro de 2008

Enigma

Esteva, Alentejo

*
Os sonhos eram ainda manhã,

Os frutos amadureciam...
E as lágrimas eram bagos de romã,
Gotas de sangue que tingiam!
Ontem, as crianças tinham
Sorrisos dentro da manhã!
E a força daqueles que caminham
Era ainda febril e afã...
*
Ontem os campos molhados
Desenhavam os teus passos
E, havia desejos perturbados,
A gritarem nos teus braços!
Ontem havia orquestras e compassos,
Ritmos estranhos e marcados...
Havia nós e existiam laços
No sol que beijava os terraços!

*
Ontem, o agora estava em ti
E tu eras aquilo que permanece,
Que fica e modifica tudo o que vi
Ao ritmo do encanto que embevece!

Ana

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Onde nascem as estrelas

A um ano luz,
pelo olhar do Hubble,
seríamos felizes
contemplando...
do «Olho do Gato»

este pequeno país!

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Ostinato Sul

Sung KIM
*
Hoje é o meu dia
de encontrar
aquela música tão doce
e tão pura
que neste momento escuto...
Voo alto,
tão alto como esta melodia
que me enche a alma,
o ser...
Subo!
Não posso mais suster
aquele grito
que as teclas prendem
neste cérebro sem raciocínio...
Que paz encontro
no meio da revolta,
nos acordes que inspiram
este papel em que escrevo...
Que feitiçaria suave
me toca o entendimento
que não consigo
expressar
o que ouço
pois são tão limitados
estes signos
para transcender o que sinto
e quero desenhar...
......................................
E o vento soprou
do Sul...

sábado, 8 de novembro de 2008

Resiliência

Odilon REDON, Orpheus, 1903

« A luz é o fogo ávido por cima da vela.

Ao consumi-la, ela consome-se a si própria.»

Leonardo da VINCI, 1452 - 1519

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Real?


el vendedor de alcatraces

Este sonho perturbado
Agitando o reflexo,
Filtrando a imagem...
Esta doçura e medo
De uma súbita viragem.
Os objectos primários
Que não enchem a alma,
Mas destroem uma íntima paisagem...
A espreitar o quente desejo,
Recomeçando.
Procuro e encontro
Na ideologia humana
O eco profano que não ressoa.

Ana