Rara Avis in Terris, JUVENAL, Sátiras, VI, 165

sábado, 20 de setembro de 2008

Fráguas Edénicas

Dante G. ROSSETTI, O Sonho, 1880
+
Aqueles que sonham
Ainda navegam
Nas águas
Pelas fráguas
Edénicas...
Aqueles que apenas pensam
São náufragos
Petrificados pelos esquemas,
São sistemas,
Máquinas bélicas!
Aqueles que choram
Mansamente imploram:
Mais sonhos!
Mais barcos!
Mais fráguas e águas
Para tecerem impérios
Mais...
Eternos arcos,
Imprecisos!
Aqueles que lutam
Amanhecem ainda,
Humanamente...
Ana

5 comentários:

Juℓi Ribeiro disse...

Ana:

Que belos versos!

Encantam e refletem
teu talento...
Uma mistura de sensibilidade
e força em cada frase.
Um abraço.

Unknown disse...

Um poema "na mouche". O sonho é um estádio mais elevado que o pensamento. Não chega pensar é necessário sonhar, projectar , estádio prévio da acção.

Soberano Kanyanga disse...

Anna
Vim deleitar-me dos belos versos e igualmente agradecer a visita que me fez

Bípede Implume disse...

Ainda há esperança para os que lutam.
Bom mote para início de semana.
Que tudo te seja de feição.
Beijinhos.

ETERNA APAIXONADA disse...

Doce amiga Ana,

Saudades!
Que esteja tudo bem por aí!
Início de um belo outono para todos em Portugal!
Deixo um poema que gosto muito, com meu carinho e beijos de tua amiga cá do outro lado do mar...
Helô

*****

Canção de Outono

Perdoa-me, folha seca,
não posso cuidar de ti.
Vim para amar neste mundo,
e até do amor me perdi.

De que serviu tecer flores
pelas areias do chão,
se havia gente dormindo
sobre o próprio coração?

E não pude levantá-la!
Choro pelo que não fiz.
E pela minha fraqueza.
É que sou triste e infeliz.
Perdoa-me, folha seca!
Meus olhos sem força estão
velando e rogando àqueles
que não se levantarão...

Tu és a folha de outono
voante pelo jardim.
Deixo-te a minha saudade
- a melhor parte de mim.
Certa de que tudo é vão.
Que tudo é menos que o vento,
menos que as folhas do chão...

Cecília Meireles

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